Leonardo
1 min readOct 10, 2020

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Prezada Luana, venho parabenizá-la pelo texto lúcido e muito bem fundamentado. Digno de nota a devida legitimidade dada à categoria parda e o não-uso de extremismos como "pardo é papel". Entretanto, questiono a fusão das categorias Pardo e Preto. No texto, você menciona que "há um processo do movimento negro para inclusão de pessoas negras e pardas como pretas, porque sabemos que para pessoas brancas e a polícia não há distinção". Questiono muito tanto essa inclusão quanto a afirmação de que não há distinção para a branquitude. Meu questionamento se dá pelo fato de que não é correto interpretar o pardo como sendo, apenas, um negro de pele clara. Ao menos não quando milhões de pardos possuem fenótipo marcadamente indígena e, portanto, muito diferente de qualquer fenótipo negroide (exemplo são os ribeirinhos da Amazônia, as populações do semiárido nordestino, ou personalidades como a atriz Dira Paes ou o cantor Zezé di Camargo, claramente não-negros e também não-brancos, tampouco podem ser classificados indígenas pelo fato de não pertencerem a nenhum dos 315 povos nativos). Esta mesma população parda de fenótipo indígena, geralmente, não é discriminada ou sofre as violências que os negros sofrem (e falo isto por experiência própria como pardo indígeno-descendente). Não seria incorreto querer classificar como negras estas pessoas (que em nada se parecem negras)? Não seria incorreto afirmarmos que 55% da população é negra, sendo que este número, artificialmente inflado, está incluindo pardos de origem indígena que não são lidos como negros?

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